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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A Menina dos Fósforos
Estava muito frio e a neve caía e já estava começando a escurecer.
Era a noite do último dia do ano.
Uma menina descalça e sem agasalho andava pelas ruas, no frio e no escuro. Quando atravessou correndo para fugir dos carros, a menina perdeu os chinelos que tinham sido da mãe e eram grandes demais. Um ela não achou mais e um garoto levou o outro, dizendo que ia usar como berço quando tivesse um filho. A menina já estava com os pés roxos de frio. Tinha um pacotinho de fósforos na mão e outro no bolso do avental velho. Naquele dia não tinha conseguido vender nada e estava sem um tostão. A neve caía no cabelo cacheado, mas ela não podia pensar no cabelo nem no frio.
As casas estavam iluminadas e havia por toda parte um cheirinho gostoso de assado de Ano-Novo.
Era nisso que ela pensava.
No caminho entre duas casas, ela se encolheu toda, mas continuava sentindo muito frio. certeza.Com as mãos geladas, pensou em acender um fósforo. Conseguiu. A chama pequenininha parecia uma vela na concha da mão .A menina se imaginou diante de uma lareira enorme, com o fogo esquentando tudo e a ela também. Ela ficou com um fósforo queimado na mão Acendeu outro que, brilhando, fez a parede ficar transparente.
Ela viu a casa por dentro; a mesa posta, a toalha branca, a louça linda. O assado, o recheio, as frutas. Não é que o assado, espetado com garfo e faca, saiu pulando da mesa e veio até ela? Mas o fósforo apagou e ela só viu a parede grossa e úmida. Acendeu mais um fósforo e se viu junto de uma belíssima árvore de Natal. Velinhas e figurinhas coloridas enchiam os galhos verdes. A menina esticou o braço e...o fósforo apagou. Mas as velinhas começaram a subir, a subir e ela viu que eram estrelas. Uma virou estrela cadente e riscou o céu-Alguém deve ter morrido. A avó - única pessoa que tinha gostado dela de verdade, e que já tinha morrido - sempre dizia "Quando uma estrela cai, é sinal de que uma alma subiu para o céu." A menina riscou mais um fósforo e, no meio do clarão, viu a avó tão boa e tão carinhosa contente como nunca.
- Vovó.....vovó..........me leva embora! Sei que você não vai mais estar aqui quando o fósforo apagar. Você vai desaparecer como a lareira, o assado e a árvore de Natal. E foi acendendo os outros fósforos para que a avó não sumisse. Foi tanta luz que parecia dia.
E a avó ali, tão bonita...Pegou a menina no colo e voou com ela para onde não fazia frio e não havia fome nem dor. Foram para junto de Deus .De manhãzinha, as pessoas viram no canto entre duas casas uma menina corada e sorrindo.
Estava morta. Tinha morrido de frio na última noite do ano. Nas mãos, uma caixa de fósforos queimados .- Ela tentou se esquentar, coitadinha! Ninguém podia adivinhar tudo o que ela tinha visto..... o brilho....a avó....as alegrias de um novo ano.

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